"A violência é o alicerce supremo de qualquer ordem política" (p. 82)
Perspectivas Sociológicas - Uma Visão Humanística
Peter L. Berger - Editora Vozes
Esse texto do Berger me deixou pensando... Ele fala dos vários tipos de controle social, desde os controles econômicos, os costumes sociais e cita como último método de controle a violência. Pois bem...
Todas as formas de governo tem algum tipo de polícia. Seja instaurada pelo Governo em si, seja uma organização constituída pela própria população. Temos como exemplos as polícias nas cidades e as organizações dentro dos presídios que eliminam quem não segue "as regras" dentro da prisão. Esses são exemplos de controle através da violência.
A simples menção de se usar a violência - alguem apontar uma arma pra você, a ameaça - já funciona como uma forma de controle. Não é menos violenta do que o ato de atirar, só é menos prejudicial ao corpo. Mas não à mente.
Então, vamos pensar no modo de controle através da ameaça. Hoje em dia, nas grandes cidades, o trânsito caótico é controlado por leis. Leis essas que tornam a convivencia no trânsito menos complicada, mais organizada e que pretende prevenir desde acidentes até discussões que possam levar a brigas e violência. Quando essas leis valem? Quando um agente de trânsito está vendo, quando um radar capta a sua velocidade acima do permitido, quando um policial rodoviário te flagra sem os documentos do carro, etc. E quando se percebe que a fiscalização é fraca, inexistente ou simplesmente que é possível recorrer das multas e não paga-las, então as leis passam a não existir.
Mas de onde surge esse conceito? Onde tudo isso começa?
Imagine-se como uma criança de 3 anos de idade. Pensou? Beleza... Imagine-se puxando a toalha da mesa até a travessa chegar na beirada? E imagine agora que um adulto está por perto? Tudo imaginado? Agora a pergunta: O que o adulto irá fazer?
Se a sua resposta for "vai me dar um safanão, me chamar de criança idiota e me fazer chorar" então é o comum. Isso é uma característica da criação do brasileiro. Só aprende na porrada, no grito. Dá próxima vez, a criança não puxará a toalha com medo do safanão, do xingamento, da multa, da punição, e não por saber que aquilo é perigoso, que é errado.
Agora leve isso para a vida adulta. Porque uma pessoa passa em uma avenida a 130Km/h e quando tem um radar na sua frente freia bruscamente até o limite estabelecido, depois acelera de novo? Porque acredita que é errado e perigoso andar naquela velocidade? Lógico que não. É o medo do "Safanão" do Governo.
Enquanto a população tiver essa mentalidade de só fazer a coisa certa quando o outro estiver olhando (seja em uma reunião de pessoas, no trânsito, num jogo de futebol ou qualquer outra manifestação social em que haja regras) estaremos fadados a ter sempre um mecanismo de controle social em nosso encalço, nos vigiando, limitando e punindo pelos nossos atos. É importante saber o que é errado e não faze-lo pelo simples fato de ser errado.
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